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quinta-feira, julho 28, 2005


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quarta-feira, julho 27, 2005


got to keep on reading! Posted by Picasa

Os Anos Selvagens

"Hélène passeando pelo Brasil os seus belos olhos, a sua silhueta e os cabelos magníficos. «Amigos». Convidada várias vezes. Gente encantadora. Tive de arranjar uma cara impassível para disfarçar o enorme desagrado que todas aquelas afirmações me causavam. Não há nada de mais desagradável do que esgravatar-se no passado de alguém que se ama. E não existe nada pior do que não o fazer"

Jean Carriére, Os Anos Selvagens, nos livrodoutrosdias

terça-feira, julho 26, 2005

anotação dos problemas

é que não basta a porta aberta. é mesmo preciso ter o livro certo.

problema 1

as pessoas que compram livros não trazem trocos, trazem notas. ao fim de poucas vendas, a caixa fica vazia de moedas e passamos a recorrer aos nossos bolsos. os livreiros têm trocos nos bolsos.

problema 2

porque nem toda a gente gosta de ler, mas toda a gente gosta de ter o livro certo nas mãos. se não for uma edição que está esgotada há muito tempo, que seja algo que tenha um suficiente número de páginas.

problema 3

amanhã, já não há. passas a tarde a olhar os livros nas prateleiras e a fazer contas de cabeça com aquilo que poderás gastar, ou não, amanhã. quando voltas, o livro já foi vendido.

problema 4

porque todos os problemas são resolúveis. esse sim, é o verdadeiro problema.

segunda-feira, julho 25, 2005

A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer

" Faça o que fizer, poderis muito bem fazer outra coisa. Não é isso que importa. Importa é saber-se livre como qualquer outro elemento da criação. Importa é saber-se um fim autónomo, que repousa em si mesmo como uma perda sobre a areia."

Stig Dagerman, A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer, Fenda.

sábado, julho 23, 2005

carta

Olá,

desculpa não ter escrito mais cedo mas estivemos sem internet uns dias, por um problema de ligação do sistema. trabalho não faltou. têm chegado livros todos os dias, o que nos faz ter sempre actividade um tanto frenética na loja, com caixotes e montes de livros para serem arrumados. no meio disto, tive tempo para ler dois pequenos livros deliciosos de que te vou falar um destes dias. ando cansado com o ritmo que as coisas tomaram nestas primeiras duas semanas, que para além da livraria implicaram uma viagem ao porto, a semana passada, e a partida para santiago de compostela, hoje ao fim da tarde.

Beijo.

terça-feira, julho 19, 2005

Livrosdoutrosdias

Livrosdoutrosdias são os livros que já passaram por outras mãos, palavras inspecionadas por outros olhos, frases degustadas por outros lábios. São oportunidades de encontrar o livro que já não havia em mais lado nenhum, um exemplar igual ao que a mãe ou o pai tinham lá por casa quando éramos pequenos e ainda nos estava interdita a leitura dos grandes. São também uma maneira de ler qualquer coisa que outro alguém não quis guardar, e pela qual nós há tanto tempo ansiávamos.
Livrosdoutrosdias é ter tempo e faltar algum dinheiro. É abrir a carteira e ainda ter uns trocos para o café, mesmo quando se sai carregado de uma livraria. É perceber, pelas assinatura na primeira página, que este livro pertenceu a algum vizinho ou a alguma rapariga bonita que hoje se fez senhora. É encontrar o que, mesmo passado tanto tempo, ficou para ler. Livrosdoutrosdias.

segunda-feira, julho 18, 2005

obras outra vez

eu devo ser o deus das horas mortas. abro a loja de manhã e só vêm pessoas perguntar, espreitar, nada de compras. a sandra entra a serviço, e pronto, as vendas disparam.

entretanto, continuamos a fazer encomendas, pedidos de reposição, pedidos de reuniões com vendedores e editores. continuamos a procurar autores para publicarmos e a tentar desvendar o segredo que nos fará ser uma empresa de sucesso.

de vez em quando, como esta tarde, a loja transforma-se em obra, outra vez. hoje vieram colocar um cortinado numa montra onde batia demasiado sol e fazer um arranjo eléctrico ao mesmo tempo. será chuva ou será gente?

sábado, julho 16, 2005

sábado

é sábado de verão, a cidade parece dividir-se entre o adormecimento e o tomar a estrada para a praia. a uma esquina, aqui estamos, de porta aberta, a sentir o ar condicionado na cara e imaginar maresia. algumas pessoas passam lá fora, espreitam, estudam a montra. outras tantas entram, experimentam o tamanho dos livros na mão. é verão. para banda sonora, tenho a aimée mann, fui buscar cummings e manuel de freitas à prateleira para dar uma vista de olhos, estudo alguns catálogos que tenho no balcão.

depois, começo a fazer contas de cabeça e tento adivinhar qual a capa do mil folhas de hoje. quero fazer o teste de perceber quantas pessoas virão, na próxima semana, perguntar pelo livro que estiver na capa desse suplemento. mais tarde também vou espreitar o expresso, talvez o dn. um livreiro deve fazer um estudo dos jornais, para tentar saber sempre do que os clientes estão a falar. acho que nisso, até que me vou saíndo bem. ainda não me apareceu aqui ninguém a perguntar por alguma coisa que eu nem sequer imaginasse o que fosse.

o ar condicionado ligado, eu a respirar maresia. há carros a passar lá fora e quando o sol chegar à montra, eu vou sentir um calorzinho na cara e posso até imaginar que estou na praia. hoje é julho, é verão. às vezes surpreendo-me a pensar que, quando eu andava na escola, agora estava de férias, não havia nada para fazer. os sábados à tarde eram sempre chatos, com peixe assado na mesa e o expresso a fazer de manta no sofá. aqui, estou rodeado de livros. e tenho a maresia sem a confusão dos banhistas de fim-de-semana.

Harry Potter and the half-blood prince

No dia do seu lançamento mundial, Harry Potter and the half-blood prince já está à venda na Livrododia.

O capítulo um começa assim:

"It was nearing midnight and the Prime Minister was sitting alone in his office, reading a long memo that was slipping through his brain without leaving the slightest trace of meaning behind."

São 607 páginas de novas aventuras, no sexto volume da série da autora inglesa J.K. Rowling

Harry Potter and the half-blood prince, J.K.Rowling, BLoomsbury

quarta-feira, julho 13, 2005

Sensualistas

"O Rapaz do Telefone jazia inerte naquele quarto ao lado da sala onde todos continuavam entregues aos seus jogos sensuais. A cara caída, o queixo de encontro ao peito.
Sem vida.
Os olhos abertos. Sem vendas a tapar-lhe a visão.
Cego.
O corpo suspenso por um cinto, com o desejo de cair de encontro ao chão, de membros pesados a empurrar para baixo e o cinto a sustentar toda uma existência que já não existe.
A cabeça vazia.
Sem poesia, prazer, dor ou desejo.
Inerte.
Com vontade de cair de encontro ao chão.
Sozinho.
Fim."

Sensualistas, de Cláudia Galhós, editado pela Oficina do Livro.

de manhã

o primeiro dia foi um sucesso. as pessoas começaram a aparecer em força a partir das seis horas e tivemos a casa cheia. a revista sítio vendeu bastante e várias pessoas levaram livros debaixo so braço, dentro dos nossos saquinhos de papel. a sensação foi de dever cumprido. conseguimos. e quando saí da livraria, perto das nove da noite, ia contente ao pensar que, ao fim de uma semana, ia ter uma noite sossegada.

o dia de hoje começou normal. com algumas novidades, ainda assim. experimentei pela primeira vez depositar dinheiro numa caixa automática, o primeiro dinheiro da livrododia. são estas pequenas coisas que me fazem sorrir por dentro. e depois abro a porta da livraria, escolho um sorriso simpático, e recebo quem vier espreitar os livros. os dias agora não páram. há editoras para contactar, mais livros para encomendar e receber. temos as prateleiras para manter cheias, as novidades para atrair os clientes e as raridades para manter fiéis alguns seguidores.

terça-feira, julho 12, 2005

abrimos a porta

finalmente abrimos a porta, devia ser mais ou menos uma meia. fui até à entrada e virei a tabuleta do fechado para o aberto. a sandra respirou fundo e rimos os dois. estamos abertos. depois de meses a pensar, a preparar, a fazer obras que pareceram intermináveis, a escolher imagens, a escolher funções, serviços, livros, a contactar vendedores, a conversar com eles, finalmente, hoje, no dia 12 de julho de 2005, a Livraria Livrododia abriu as portas. a história do que se passou até aqui vai ficar para ir sendo contada com o tempo. o que se começa aqui é o diário de um livreiro, do estar na loja sentado à espera que os clientes entrem. bem, não nos podemos queixar. ainda temos homens a finalizar o exterior da loja e já fizémos vendas.

são quatro e meia, daqui a duas horas temos o nosso primeiro evento. vai ser o lançamento da revista sítio, aqui em torres. quase como ter dois filhos num só. a sandra anda a passear de um lado para o outro, a tentar perceber onde estão os livros e como pode chegar até eles quando algum cliente os pedir. os homens do exterior andam dentro e fora com um escadote. entretanto ainda há uma série de pormenores a tratar com as montras para que o sol não nos queime as capas dos livros. ter uma loja aberta é também uma oportunidade para outros vendedores que esperam vir a ser nossos fornecedores, portanto há neste momento um empate técnico, dois vendedores contra dois clientes. a vantagem está nos clientes que já fizeram uma compra.